segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A jogadora




Marília estava acabando de colocar roupa no varal, parou, deitou na rede ,e pôs-se a divagar...
Lembrou da infância, das brincadeiras, do balé que não acabou de fazer, dos sonhos normais de criança quando queria ser uma grande bailarina depois freira,por conta da série "A noviça rebelde", depois professora e tantos outros sonhos não realizados.De tudo que tinha começado e deixou sem terminar...
Pensou,que fiasco foi sua vida...o sonho, ser jornalista, mas era covarde e não lutou pelo sonho,pensou depois eu faço...e não fez.Tinha se formado para ser professora,por vontade do pai e da mãe, ou professora ou dentista, jornalismo esqueça!
Não apostou em sua profissão, mais um jogo perdido...
Morava no interior, seu pai era comerciante, não se preocupava muito, tinha uma vida boa, carro,e tudo que queria. Cuidou dos irmãos, pois sua mãe foi embora, foi "viver", falava que aquilo não era vida. Cuidou do seu jeito, era só uma adolescente de 16 anos, o pai já com seus 60 anos,mas com seus vícios ainda assim era um pai amoroso,dava tudo que pediam,pecava pelo excesso .
Namorou um cara todo certinho,o futuro estaria garantido,uma vida normal,mas casou com o cara todo errado, as coisas muito certas lhe davam tédio,gostava de arriscar. Casou, separou depois de 16 anos , de tentativas e apostas, acabou, criou as filhas sozinha, sem dinheiro suficiente, trabalhando muito, mas sem profissão definida.
Seu pai arriscava no jogo e quase sempre perdia, Marília arriscava na vida, apostava todas as fichas e acabou perdendo algumas partidas e ganhando outras.
Mas saiu com um premio que para ela era uma fortuna,suas filhas, lindas companheiras,sempre unidas.
Amou mais caras fora do padrão da normalidade, sofreu e aprendeu um pouco mais sobre o jogo da vida.
Nesse momento,parou e pensou alto,
-nossa como cheguei até aqui...tive empresa, quebrei, tentei novamente, amei me enganei, sempre apostando...
-minhas filhas casadas trabalhando...
-um neto que é a razão da minha vida ...
-sou uma mal agradecida, vivi e vivo intensamente,chorei muito, ri muito amei e ainda amo tudo demais,que fiasco que nada, sou uma jogadora como meu pai e o jogo ainda não acabou.
Levantou-se acabou de pendurar a roupa e foi feliz viver...

Jane Izar

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